Hitler, o nazismo e os judeus
De Hitler, seguramente, você já ouviu falar, assim como do nazismo e do massacre contra os judeus. Com certeza, também, você sabe que essas coisas todas aconteceram durante a II Guerra Mundial.
Mas você sabe como foi que Hitler chegou a ter tanto poder, ou o que quer dizer nazismo?
Em primeiro lugar, vejamos o panorama histórico da Alemanha duas décadas antes do início da II Guerra. Quando acabou a I Guerra Mundial, instaurou-se na Alemanha um sistema de governo de modelo parlamentarista democrático, a República de Weimar. Nesse sistema, o presidente da República nomeava um chanceler, que seria responsável pelo poder Executivo; o poder Legislativo era constituído por um parlamento, o Reichstag.
O governo republicano alemão enfrentava uma série de dificuldades para superar os problemas sociais e econômicos gerados pela guerra.
O Tratado de Versalhes, assinado logo depois da I Guerra, impunha à Alemanha uma série de obrigações extremamente duras. Mesmo retomando o desenvolvimento industrial, o país sofria com o elevado índice de desemprego e altíssimas taxas inflacionárias. Entusiasmados com o exemplo da Revolução Russa, setores importantes do operariado alemão protestavam contra a exploração capitalista. Era o início da um período de intensa ebulição social.
Em janeiro de 1919, líderes comunistas de peso, como Rosa Luxemburg e Karl Liebknecht promoveram a insurreição do proletariado alemão contra o regime capitalista; mais tarde, os dois foram assassinados por um grupo de oficiais de direita. Nesse clima, a burguesia alemã se fechava, temendo a expansão do movimento socialista; foi assim que passou a fornecer apoio a um pequeno partido, liderado por ninguém menos que Adolf Hitler.
Hitler nasceu em Braunau, na Áustria, em 1889. Teve uma juventude, segundo seus biógrafos, marcada por mágoas e dificuldades financeiras. Em 1913 mudou-se de Viena, na Áustria, para Munique, na Alemanha, onde, no ano seguinte, alistou-se no Exército alemão. Lutou na I Guerra, e foi condecorado por mérito militar, recebendo uma medalha chamada Cruz de Ferro. No fim da guerra, Hitler retornou a Munique e, em 1919, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores Alemães – fundado no mesmo ano. No ano seguinte, tal partido passou a se chamar Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães, cuja sigla, a partir das suas iniciais em alemão, é NAZI. Pouco tempo depois, Hitler tornou-se líder do Partido e, em 1923, tentou organizar uma rebelião contra o governo, imediatamente reprimida pelas forças da República.
Hitler foi preso e libertado após oito meses de prisão (foi durante esse tempo que escreveu o livro Mein Kampf – Minha Luta – que vendeu milhões de exemplares). Depois disso, estava preparado o caminho de ascensão de Hitler. O nazismo foi difundido através de seu talento oratório, das publicações do partido e do uso de meios espetaculares para influenciar a opinião pública – a propaganda.
Em 1925, Von Hindenburg foi eleito presidente da República de Weimar, mas não conseguiu superar as grandes dificuldades que encontrou; para piorar as coisas, a crise de 29 piorou ainda mais a situação já difícil da Alemanha, aumentando o desemprego, a fome e o descontentamento crescente da população.
A alta burguesia, acuada, pressiona o presidente a convidar Hitler para o Cargo de chanceler, pois o Partido Nazista representava a solução para a crise do sistema capitalista... Assumindo o cargo de chanceler em 30 de janeiro de 1933, Hilter demonstrou que os principais métodos a serem utilizados pelo seu partido seriam permeados de violência brutal (ou opressiva) contra quem fosse contra seus ideais.
Por exemplo, em fevereiro de 1933, grupos de nazistas atearam fogo no parlamento alemão, e jogaram a culpa no Partido Comunista, usando o evento a seu favor.
Em março, o Partido Nazista consegue outra vitória nas eleições para o Reichstag e consegue que o presidente Hindenburg decrete a dissolução do parlamento alemão – o poder executivo passa a ser exercido, então, pelo Executivo, isto é, pelo chanceler: Hitler. O poder encabeçado por ele era bem estruturado: a Gestapo (Polícia Secreta do Estado), dirigida pelo comprovadamente sanguinário Heinrich Himmler, era a responsável pelo uso sistemático da violência contra os inimigos do nazismo; a propaganda de massa – fundamental para o convencimento e domínio da sociedade – era conduzida por Joseph Goebbels, que exercia severo controle sobre os meios de comunicação e as instituições educacionais: os professores e profissionais da educação só estavam autorizados a dizer o que os nazistas permitissem.
É de Goebbels a célebre frase “uma mentira dita cem vezes torna-se verdade”. Em dezembro de 1933, o Partido Nazista se tornou o único partido do Estado alemão. Nove meses depois, com a morte do presidente Hindenburg, Hitler, finalmente, assumiu a presidência do país.
Controlando quase que totalmente a sociedade alemã, o governo de Hitler dedicou-se à reabilitação econômica do país, dando atenção especial à indústria de armamentos de guerra, desrespeitando as proibições do Tratado de Versalhes.
De 1933 até 1939, quando eclode a II Guerra mundial, o governo de Hitler, cada vez mais, mostrava a que tinha vindo.
O mundo, aos poucos, começava a desconfiar das pretensões do líder alemão, e seu comportamento, ordens e atitudes denunciavam, a quem quisesse ver, o que estava por vir. Nas Olimpíadas de 1936, por exemplo, que foram sediadas em Berlim, Hitler simplesmente se retirou do estádio quando Jesse Owens, velocista norte-americano, negro, ganhou sua 3ª medalha de ouro; Hitler se recusou a entregar medalhas a qualquer atleta que fosse negro ou judeu...
A perseguição do III Reich – como foi chamado o governo de Hitler - começou logo após sua ascensão ao poder; ele extinguiu partidos políticos, instalou o monopartidarismo e passou a agir duramente contra os opositores do regime, que eram levados a campos de concentração - em março de 1933 já havia 25 mil presos no campo de Dachau, no sul da Alemanha.
Livros de autores judeus e comunistas -- entre ele Freud, Marx e Einstein -- foram queimados em praça pública. A intelectualidade, acuada, só assistia - o Führer (que quer dizer líder, como Hitler era chamado) tinha o hábito de reprimir violentamente qualquer manifestação de protesto. Os condenados sofriam torturas, eram obrigados a fazer trabalhos forçados ou acabavam morrendo por fome ou doença.
Eram também considerados inimigos do III Reich os comunistas - embora Hitler tenha se associado à União Soviética para garantir a invasão da Polônia -, pacifistas e testemunhas de Jeová. Um ano após Hitler ter assumido o poder foram baixadas leis anti-judaicas iniciando o boicote econômico. Sob a doutrina racista do III Reich, cerca de 7,5 milhões de pessoas perderam a dignidade e a vida em campos de concentração, especialmente preparados para matar em escala industrial. Para os nazistas, aqueles que não possuíam sangue ariano não deveriam ser tratados como seres humanos.
A política antissemita do nazismo visou especialmente os judeus, mas não poupou também ciganos, negros, homossexuais, comunistas e doentes mentais. Estima-se que entre 5,1 e 6 milhões de judeus tenham sido mortos durante a II Guerra, o que representava na época cerca de 60% da população judaica na Europa.