O espaço contemporâneo: meio técnico - científico - informacional
Você viu que no início, há muito tempo atrás, quando nossos ancestrais ainda não sabiam como dominar a natureza, o espaço natural condicionava a vida humana no planeta; a partir do momento em que o homem se apercebe de sua técnica, o espaço se torna geográfico. Do ponto de vista da Geografia, podemos dividir o processo histórico da construção do espaço em três períodos. Desde o início, até meados do século XV, o espaço caracterizou-se por uma presença mais ou menos expressiva dos elementos naturais – o ambiente de vida dos homens era então um meio natural. A partir do século XV, quando surge o capitalismo, as técnicas, pouco a pouco, vão se desenvolvendo, e a natureza apropriada torna-se cada vez mais transformada.
Tais técnicas, no que se refere à sua inovação, vão sofrer uma aceleração ainda mais acentuada com o advento, no século XIX, da Revolução Industrial; era a razão do comércio que incitava a instalação de novos sistemas técnicos, e estes eram completamente indiferentes ao meio (mais natural) que antes existia. A poluição e outras ofensas ambientais ainda não tinham esse nome, mas já se faziam notar nas grandes cidades inglesas e continentais.
Foi então que as transformações do meio natural atingiram tal ponto, que vimos surgir o segundo período, que chamamos de meio técnico. É importante destacar que a constituição desse meio técnico era um fenômeno ainda limitado. Eram poucos os países e regiões em que o progresso técnico podia instalar-se; e mesmo nos países como a Inglaterra – foco da Revolução Industrial – os sistemas técnicos existentes estavam geograficamente circunscritos a alguns pontos. Assim, os efeitos dessa Revolução não podiam ser generalizados para todos os lugares, e, também, a visão desses efeitos pelo mundo era muito limitada.
No século XX, sobretudo a partir de sua segunda metade, o processo histórico assumiu características sem precedentes, transformando o mundo numa esfera mais do “apenas técnica”... Logo após a Segunda Guerra Mundial, começa a delinear-se nosso terceiro período, que se intensifica e se afirma a partir dos anos 1970.
A artificialização do meio e a utilização, pelo homem, da tecnologia para impor à Natureza suas leis, é marca registrada do período técnico-científico-informacional. |
Sob a proteção do mercado ocorre a união da ciência e da técnica, que se tornam tão inseparáveis a ponto de serem chamadas de “tecnociência”; e é graças à essa tecnociência, que o mercado torna-se global. Agora os sistemas técnicos, mais sofisticados, mais interdependentes do que nunca, e mais presentes em (quase) todos os cantos do planeta, funcionam à base da informação; de forma que podemos dizer que o mundo, atualmente, move-se e existe com base na informação. Temos então o terceiro período, que vivemos nos dias de hoje, chamado de meio técnico-científico-informacional, onde as cidades e os países interconectam-se através de complexas redes.
Incentivada por uma verdadeira corrida tecnológica, e objetivando a acumulação da riqueza, a produção diversifica-se enormemente, e os bens produzidos, inclusive os instrumentos de trabalho, tornam-se obsoletos cada vez mais depressa, impondo sua substituição por outros mais “modernos”. Isso provoca maior consumo de recursos naturais, reforçado pela visão cada vez mais aprofundada da natureza apenas como “fonte abundante” à disposição dos homens. Ao mesmo tempo em que a natureza é cada vez mais usada, muitas vezes esgotada e até destruída, o espaço produzido pelos homens, sobretudo nas grandes cidades, torna-se cada vez mais artificializado – a relação do homem com a natureza passa a ser totalmente mediada pelas conquistas da técnica alimentada pela ciência.