A descoberta da radiação cósmica de fundo
Como vimos anteriormente, ao longo da década de 1950, argumentos observacionais foram utilizados contra a teoria do Estado Estacionário. Isso fez com que, já no início da década de 1960, ela tivesse poucos adeptos. Porém, o golpe final contra essa teoria, que fez com que a teoria do Big Bang se consolidasse como a mais aceita, foi uma descoberta quase acidental feita por dois engenheiros que trabalhavam num laboratório de telecomunicações.
Em 1964, Arno Penzias (1933-) e Robert Wilson (1936-), dois astrônomos americanos, encontraram um ruído de fundo desconhecido usando uma antena de rádio. Após várias tentativas sem sucesso de identificar sua fonte, notaram que o ruído persistia em todas as direções.
Perceberam que se tratava de uma radiação na faixa de micro-ondas, que correspondia a uma temperatura de aproximadamente 3 Kelvin. Essa radiação é invisível aos nossos olhos. Entretanto, como ela permeia todo o Universo, podemos detectá-la em qualquer direção do céu. Se pudéssemos ver em micro-ondas, todo o céu brilharia com uma luminosidade bastante uniforme em todas as direções.
Na mesma época, dois físicos teóricos que trabalhavam em Princeton, Robert Dicke (1916-1997) e James Peebles (1935-), estavam investigando um modelo de universo oscilante, do tipo que já havia sido proposto por Friedmann. Eles estimaram a temperatura da radiação de fundo desse universo primordial em cerca de 10 K e chegaram a construir um equipamento para detectar a radiação prevista.
Quando Penzias percebeu que a radiação encontrada por acaso podia ser o que os físicos teóricos estavam procurando, ele procurou Dicke. Então, em julho de 1965, Penzias e Wilson publicaram um artigo em colaboração com Dicke e Peebles, apresentando sua descoberta experimental e estimando uma temperatura de 3.5 K, sem mencionar as implicações sobre a Cosmologia.
As interpretações cosmológicas dessa descoberta foram feitas por Dicke e Peebles, considerando a radiação encontrada como um fóssil do universo primordial, que ficou conhecida como Radiação Cósmica de Fundo (RCF). Já a teoria do Estado Estacionário de Hoyle, Bondi e Gold tinha grande dificuldade em explicar essa radiação, e, a partir do fim da década de 1960, já era considerada uma teoria descartada.
Nas décadas seguintes, foram criados novos satélites que mediram com precisão cada vez melhor a radiação cósmica de fundo. Para saber mais sobre esses resultados, clique aqui