Genética e evolução
Você já reparou como todos os indivíduos de uma mesma espécie se parecem ou pelo menos têm muitas características em comum? Apesar disso, você também já reparou como nós, os seres humanos, somos diferentes? Somos capazes de reconhecer um amigo numa multidão de desconhecidos e, se repararmos bem, todos estes desconhecidos guardam diferenças entre eles. Isto acontece não só na nossa espécie, mas em todas as espécies de seres vivos, é o que chamamos de polimorfismo, ou variabilidade. Da mesma maneira, se repararmos bem, apesar das diferenças podemos reconhecer que os indivíduos aparentados geralmente se parecem entre si e os filhos se parecem com seus pais.
Há muito tempo, o homem começou a observar e a tentar desvendar como estas coisas acontecem. No começo, sem muitos argumentos experimentais e mesmo pela falta de informações, postulou-se que algum ser superior ou criador assim o quis e tudo assim ficou. Depois as teorias foram ficando mais elaboradas: alguns acreditavam que o sangue dos pais se misturaria para formar os filhos, ou, depois da observação do espermatozoide, outros acreditavam que este levava um "homúnculo", uma espécie de homem em miniatura que seria simplesmente implantado no corpo da mulher pelo homem, e que daria origem a um novo ser humano. Como estas, centenas de teorias surgiram para explicar a hereditariedade, as semelhanças e diferenças entre os seres.
A humanidade aprendeu muito desde então: os cientistas foram acumulando informações a respeito de seres unicelulares como bactérias, descobriram a estrutura das células, coletaram amostras de animais e plantas pelo mundo, descobriram fósseis, estudaram as formações rochosas da Terra e viram como espécies diferentes se comportam. Graças a este corpo de conhecimento eles foram capazes de elaborar experimentos que pudessem mostrar como a vida funciona, como os seres vivos se reproduzem, como as características são passadas entre as gerações, como surgem novos seres...
Podemos dizer que o século XIX foi bastante produtivo para as ciências da vida: Mendel desvendou as leis da hereditariedade e Darwin propôs a teoria da evolução, que revolucionaria o pensamento científico e leigo no que diz respeito às nossas origens e à origem de todos os seres vivos.
O século XX também deu sua contribuição: o mundo veio a conhecer o DNA, a tal molécula que "leva as características de uma geração para a outra". Uma série enorme de experimentos, ensaios e estudos esclareceram como esta molécula pode explicar as leis da hereditariedade e codificar as características dos seres vivos. Hoje sabemos como os genes são transmitidos, como se dá o embaralhamento das informações, o que nos faz tão diferentes uns dos outros, apesar das características próprias de nossa espécie.
O século XXI está apenas começando, e com ele esperamos mais esclarecimentos: grande parte da comunidade científica acredita que os projetos genoma desvendarão uma boa parte do que nos falta saber. Por outro lado, há cientistas que não têm tanta fé assim nestes projetos. Só o tempo e um grande esforço experimental poderão resolver estas questões. Além disso, estamos em plena era da manipulação do DNA para modificar os seres vivos a serviço da humanidade: os transgênicos estão em moda e os debates calorosos e apaixonados sobre eles também. Qual será o futuro disso tudo?
De tudo o que já aprendemos, fica uma grande lição: todo o nosso conhecimento em biologia tem um significado maior se olharmos a partir da evolução, pois conseguimos entender porque algumas características são mantidas por um número muito grande de espécies diferentes, como por exemplo, os ácidos nucléicos, que são o material genético de todos os seres vivos. Isso significa que todos descendem de um único ancestral, ou seja, em maior ou menor grau todos os seres guardam algum grau de parentesco com os demais.
Esperamos que estas páginas o ajudem a compreender um pouco melhor o universo de conhecimentos existente dentro da genética e evolução, que ajudaram a desvendar quase tudo o que sabemos sobre a vida. Lembre-se que tudo o que você pode encontrar nestas páginas não passa de uma pequena introdução, um conhecimento maior sobre a genética e a evolução exige uma vida inteira de dedicação ao assunto.
Depois de estudar um pouco a genética e a evolução, dê uma nova passeada nas outras páginas da biologia, esperamos que você perceba como os mecanismos fisiológicos, as estruturas anatômicas e até mesmo o comportamento dos seres vivos estão atrelados entre espécies diferentes. Note que algumas estruturas se mantêm entre os organismos e que é possível classificá-los por estas semelhanças. Como diria o grande pesquisador Theodosius Dobzhansky, "nada em biologia faz sentido senão à luz da evolução".