A origem das espécies
Para explicar como surgem as espécies, é preciso primeiro definir o que é uma espécie. Definir este conceito nem sempre é uma tarefa fácil. A primeira definição que surgiu era baseada nos "tipos" e era utilizada da seguinte maneira: todos os espécimes que se parecem com um determinado tipo seriam considerados da mesma espécie. Isto logo se mostrou um problema, já que muitas vezes variantes de uma mesma espécie eram catalogadas como espécies diferentes.
Um erro comum quando se usa esta definição é catalogar as fêmeas como uma espécie e os machos como outra, devido ao dimorfismo sexual que ocorre em um grande número de espécies. Erros deste tipo acontecem porque a definição de espécies baseada em "tipos" não leva em conta a variabilidade existente nas espécies.
Com o advento da teoria darwinista de evolução e a consequente conscientização da importância da variabilidade genética, os biólogos reavaliaram o conceito de espécie e assim surgiu o que hoje chamamos de conceito biológico de espécie. Segundo este conceito, dois organismos serão da mesma espécie se puderem se cruzar e produzir descendentes férteis. Entre espécies diferentes há uma série de barreiras à reprodução, que se dividem da seguinte maneira:
Barreiras pré-cópula:
- Comportamentais
- O macho de uma espécie não se interessa em copular com uma fêmea de outra espécie;
- As fêmeas de uma espécie não são atraídas por machos de outras espécies.
- Temporais
- Os períodos reprodutivos não coincidem.
- Ecológicas
- As espécies ocupam habitats diferentes.
- Polinizadores diferentes
- Em plantas fanerógamas as espécies podem ser especializadas na atração de diferentes polinizadores
Barreiras pós-cópula
- Pré-zigóticas
- Os gametas são incompatíveis e não ocorre a fecundação
- Pós-zigóticas
- Ocorre a fecundação, mas o organismo resultante não é viável (inviabilidade di híbrido).
- O organismo resultante é viável, mas não consegue se reproduzir (esterilidade do híbrido).
Para que o cruzamento entre espécies possa ocorrer, é necessário as barreiras sejam rompidas. Se os dois indivíduos conseguirem ultrapassá-las, então eles pertencem à mesma espécie. Se as espécies são separadas pelas barreiras reprodutivas, então uma nova espécie surge a partir de uma população quando surge uma barreira reprodutiva entre esta população e a espécie original.
Podemos imaginar que duas populações sejam isoladas geograficamente e que não haja migração entre elas durante muito tempo. Cada uma destas populações irá sofrer mudanças evolutivas, que evidentemente serão diferentes em cada uma delas. Se estas populações permanecerem isoladas por tempo suficiente, é possível que as mudanças evolutivas acumuladas por cada uma delas se tornem barreiras reprodutivas entre elas. Neste momento, elas passarão a ser espécies distintas e mesmo que no futuro venham a ocupar novamente o mesmo local, seus indivíduos não poderão se cruzar produzindo descendentes férteis.