Filogenia
De acordo com a teoria evolutiva, todos os seres vivos são descendentes de um único organismo, que viveu há milhões de anos atrás. Através das mutações e de todos os mecanismos de evolução que você já estudou, eles se diferenciaram e seus descendentes povoam o planeta Terra até os dias de hoje. Até mesmo eu e você somos descendentes deste organismo primitivo.
Partindo deste princípio, pode-se dizer então que todos os seres vivos guardam algum grau de parentesco, que pode ser em maior ou menor grau, dependendo apenas do tempo que faz que divergiram a partir do ancestral mais recente. Quanto maior o grau de parentesco entre dois seres, maior a semelhança que apresentam, pois compartilham um ancestral comum mais recente no tempo, tendo assim menos tempo de acumular diferenças evolutivas.
Ao estudarmos as relações evolutivas entre três organismos, partimos do princípio que dois deles compartilham um ancestral mais recente que qualquer um deles com o terceiro. Um gato e uma onça, por exemplo, compartilharão um ancestral mais recente que qualquer um deles e um cachorro.
Quer entender um pouco melhor? Pense em uma família qualquer. Na maioria das vezes, dois irmãos se parecem mais entre si do que qualquer um deles com um primo. Note que os ancestrais comuns mais recentes entre os irmãos são os pais (apenas uma geração), e o ancestral mais comum entre os primos são os avós (duas gerações). Seguindo o mesmo raciocínio, é mais provável que estas crianças se pareçam mais entre si que qualquer uma delas com um vizinho não aparentado.
Pensando bem, há um ancestral comum entre os primos e o vizinho. Saber quem foi este ancestral exigiria, porém um estudo aprofundado de ambas as famílias, que analise os registros de todos os ancestrais de cada uma até que se descubra o ponto em comum. Isso pode ser extremamente trabalhoso, já que o ancestral pode estar muito distante no tempo.
Entendendo as árvores filogenéticas: A filogenia é normalmente expressa graficamente, através de uma árvore filogenética. Neste tipo de figura, é possível ver que espécies compartilham o ancestral comum mais próximo. Estas árvores são baseadas em similaridades encontradas entre as espécies.
Clique na figura ao lado para ver como foi construída:
É sempre bom lembrar que a evolução é uma ciência histórica e que a filogenia tenta reconstruir esta história através da comparação das características apresentadas pelos organismos atuais. Quando este método foi inventado, existiam poucas características que podiam ser catalogadas e medidas para a comparação entre as espécies. Felizmente, com o passar do tempo e o avanço da ciência nas mais diversas áreas, o número de características aumentou expressivamente. Com a invenção dos microscópios óticos, foi possível observar estruturas celulares e cromossômicas; a bioquímica permite a comparação entre processos metabólicos, a fisiologia permite a comparação entre o funcionamento de diferentes organismos e a biologia molecular permite comparar sequências específicas de DNA entre as espécies. Com o aumento do número de caracteres, será possível reconstruir a história evolutiva de cada vez mais grupos de espécies e ter um panorama cada vez mais completo de como ocorreu a evolução biológica.
Outra forma de reconstruir a filogenia de um determinado grupo de organismos é o estudo dos fósseis. É importante lembrar, no entanto, que o registro fóssil não é completo para nenhum grupo, o que dificulta a construção de árvores filogenéticas. Um bom exemplo deste tipo de estudo, é o estudo da filogenia dos primatas, que inclui o ser humano e seus parentes mais próximos.
Aprofunde esse assunto clicando aqui