Por que os franceses não gostam de falar em inglês?
Se você já viajou para a França ou conhece alguém que o fez, certamente conhece o mito em torno do mau humor do povo francês. Talvez não exista um estereótipo mais comum sobre os franceses do que esse. Até mesmo as pessoas que nunca colocaram os pés na França encarregam-se de alertar os futuros visitantes quanto à provável aspereza com que serão recebidos pelos anfitriões. Um dos aspectos desse mito diz respeito à personalidade francesa. Pessoas de muitas culturas sorriem ao conhecer novas pessoas; e os brasileiros, em particular, o fazem quase sempre, mesmo que o seja apenas para demonstrar simpatia. Os franceses, porém, não costumam sorrir nesse tipo de situação, nem mesmo por polidez; a não ser que eles realmente sintam o desejo de fazê-lo. Por conta dessa característica cultural, quando um turista sorri para um francês cujo rosto, no entanto, permanece impassível, o estrangeiro acaba se sentindo ofendido: afinal, quão difícil teria sido sorrir de volta? Outro aspecto desse mito diz respeito à relutância dos franceses a falar em inglês. Nesse caso, é comum se afirmar que eles não querem aprender o idioma anglo-saxão, ou, quando já o sabem, se negam a fazê-lo mediante um irônico “I don’t speak english!”. Conjectura-se que a causa dessa suposta implicância seja uma rixa histórica surgida por ocasião da Guerra dos Cem Anos.
“Guerra dos Cem Anos” é o nome convencionalmente utilizado para se referir a um período de conflitos armados intermitentes entre franceses e ingleses durante os séculos XIV e XV, mais precisamente entre 1337 a 1453. As primeiras e mais importantes monarquias nacionais foram as desses dois países. Entretanto, não havia, à época, a ideia de que os reis da França e da Inglaterra estivessem guerreando pela centralização do poder. Na verdade, uma guerra tão longa não deve ser imaginada como um embate entre exércitos numerosos e claramente polarizados. Além disso, esse período de 116 anos tampouco se caracterizou por apresentar lutas contínuas. Muitas batalhas se iniciaram isoladamente, alimentadas por rivalidades entre membros das nobrezas das duas nações.
Ainda assim, costuma-se elencar dois principais motivos para a Guerra: a pretensão de herdeiros do trono inglês pelo trono francês após a morte do rei da França Filipe IV, que não havia deixado herdeiros diretos; e a disputa pelo domínio da região de Flandres, que, à época, embora fosse território inglês, abrigava uma aristocracia flamenga simpática aos franceses e oposta aos ingleses. À medida que evoluía, o longo conflito apresentava sucessivas mudanças de posição entre os contendores, com a vantagem, ora estando com os franceses, ora com os ingleses. Ao cabo dos enfrentamentos, em 1943, a vitória definitiva coube aos franceses, que lograram expulsar seus inimigos da maior parte dos territórios disputados.
Seria esse, então, o real motivo da suposta implicância dos franceses para com a língua inglesa? Por mais que persista um ranço de rivalidade entre esses povos por ocasião da Guerra dos Cem Anos, parece pouco provável que todos os problemas dos franceses com relação à língua inglesa possam ser atribuídos a um evento histórico tão remoto. Para muita gente, sobretudo os franceses, o suposto mito em torno do seu mau humor nada mais é do que isso mesmo: um mito. Em Paris, por exemplo, muita gente fala inglês, e muitos outros nativos se esforçam para aprendê-lo. Não por acaso, alguns franceses acham estranho quando os turistas, especialmente os brasileiros, chegam por lá dizendo que os franceses sabem falar inglês, mas fingem que não sabem. A verdade é que eles não fingem que não entendem: eles não entendem mesmo! O atendente da mercearia não sabe falar inglês. O cobrador do ônibus também não. Se soubessem, talvez estivessem ocupando empregos com melhor remuneração e reconhecimento social. Ainda assim, talvez eles se mostrassem mais solícitos se acaso, ao invés de um direto “do you speak english?”, os turistas lhe dirigissem um respeitoso “bonjour, monsieur, parlez-vous anglais?”. Ou seja, “olá, senhor, você fala inglês?”.
Os garçons franceses têm a fama de apresentarem um suposto mau humor e indisposição para falar em inglês
Se você já viajou para a França ou conhece alguém que o fez, certamente conhece o mito em torno do mau humor do povo francês. Talvez não exista um estereótipo mais comum sobre os franceses do que esse. Até mesmo as pessoas que nunca colocaram os pés na França encarregam-se de alertar os futuros visitantes quanto à provável aspereza com que serão recebidos pelos anfitriões. Um dos aspectos desse mito diz respeito à personalidade francesa. Pessoas de muitas culturas sorriem ao conhecer novas pessoas; e os brasileiros, em particular, o fazem quase sempre, mesmo que o seja apenas para demonstrar simpatia. Os franceses, porém, não costumam sorrir nesse tipo de situação, nem mesmo por polidez; a não ser que eles realmente sintam o desejo de fazê-lo. Por conta dessa característica cultural, quando um turista sorri para um francês cujo rosto, no entanto, permanece impassível, o estrangeiro acaba se sentindo ofendido: afinal, quão difícil teria sido sorrir de volta? Outro aspecto desse mito diz respeito à relutância dos franceses a falar em inglês. Nesse caso, é comum se afirmar que eles não querem aprender o idioma anglo-saxão, ou, quando já o sabem, se negam a fazê-lo mediante um irônico “I don’t speak english!”. Conjectura-se que a causa dessa suposta implicância seja uma rixa histórica surgida por ocasião da Guerra dos Cem Anos.
“Guerra dos Cem Anos” é o nome convencionalmente utilizado para se referir a um período de conflitos armados intermitentes entre franceses e ingleses durante os séculos XIV e XV, mais precisamente entre 1337 a 1453. As primeiras e mais importantes monarquias nacionais foram as desses dois países. Entretanto, não havia, à época, a ideia de que os reis da França e da Inglaterra estivessem guerreando pela centralização do poder. Na verdade, uma guerra tão longa não deve ser imaginada como um embate entre exércitos numerosos e claramente polarizados. Além disso, esse período de 116 anos tampouco se caracterizou por apresentar lutas contínuas. Muitas batalhas se iniciaram isoladamente, alimentadas por rivalidades entre membros das nobrezas das duas nações.
Após a morte de Filipe IV, o Belo, nobres ingleses pretenderam herdar o trono francês
Ainda assim, costuma-se elencar dois principais motivos para a Guerra: a pretensão de herdeiros do trono inglês pelo trono francês após a morte do rei da França Filipe IV, que não havia deixado herdeiros diretos; e a disputa pelo domínio da região de Flandres, que, à época, embora fosse território inglês, abrigava uma aristocracia flamenga simpática aos franceses e oposta aos ingleses. À medida que evoluía, o longo conflito apresentava sucessivas mudanças de posição entre os contendores, com a vantagem, ora estando com os franceses, ora com os ingleses. Ao cabo dos enfrentamentos, em 1943, a vitória definitiva coube aos franceses, que lograram expulsar seus inimigos da maior parte dos territórios disputados.
Em Paris, muita gente fala em inglês. Mas será que eles se sentem confortáveis para utilizar essa língua com um turista?
Seria esse, então, o real motivo da suposta implicância dos franceses para com a língua inglesa? Por mais que persista um ranço de rivalidade entre esses povos por ocasião da Guerra dos Cem Anos, parece pouco provável que todos os problemas dos franceses com relação à língua inglesa possam ser atribuídos a um evento histórico tão remoto. Para muita gente, sobretudo os franceses, o suposto mito em torno do seu mau humor nada mais é do que isso mesmo: um mito. Em Paris, por exemplo, muita gente fala inglês, e muitos outros nativos se esforçam para aprendê-lo. Não por acaso, alguns franceses acham estranho quando os turistas, especialmente os brasileiros, chegam por lá dizendo que os franceses sabem falar inglês, mas fingem que não sabem. A verdade é que eles não fingem que não entendem: eles não entendem mesmo! O atendente da mercearia não sabe falar inglês. O cobrador do ônibus também não. Se soubessem, talvez estivessem ocupando empregos com melhor remuneração e reconhecimento social. Ainda assim, talvez eles se mostrassem mais solícitos se acaso, ao invés de um direto “do you speak english?”, os turistas lhe dirigissem um respeitoso “bonjour, monsieur, parlez-vous anglais?”. Ou seja, “olá, senhor, você fala inglês?”.