Afinal, o que é WikiLeaks?
Quem acompanha os noticiários, seja pela televisão, pelos jornais ou pela internet, com certeza ouviu falar na WikiLeaks e no seu fundador, o jornalista australiano Julian Assange. Seja pela polêmica em torno da divulgação de documentos secretos ou confidenciais, seja pelas acusações de abuso sexual contra Assange, a verdade é que, tanto a WikiLeaks, quanto seu fundador entraram para a história, pois suscitaram o debate acerca da ética nas relações diplomáticas e dos limites do ciberativismo. Assim, vamos conhecer um pouco mais sobre a WikiLeaks, suas propostas e seus objetivos.
A WikiLeaks é uma organização transnacional sem fins lucrativos, com sede na Suécia, que, por meio de seu site, busca divulgar informações e documentos de cunho confidencial sobre questões de interesse geral. Ela foi fundada em 2006 por diversos ativistas, críticos à atual política internacional. Apesar de conter a referência “wiki”em seu nome, a WikiLeaks não pode ser considerada uma wiki, porque o conteúdo postado na WikiLeaks é fechado, sendo, inclusive, criptografado, afim de dificultar o rastreamento dos diversos colaboradores da organização que contribuem enviando os documentos secretos que a WikiLeaks divulga. Vale ressaltar também que, apesar da semelhança no nome, a WikiLeaks não tem relação com a Wikipédia, sendo organizações diferentes, que buscam objetivos distintos.
Desde que a WikiLeaks surgiu, em 2006, uma série de documentos importantes, e constrangedores para governos de muitos países, principalmente para o governo dos EUA, vieram à tona. Dentre esses documentos, destacam-se os que divulgaram as instruções de como tratar os prisioneiros da base norte-americana de Guantánamo, em Cuba; um vídeo que mostra um helicóptero americano alvejando repórteres estrangeiros que cobriam a Guerra do Iraque, ou, ainda, os inúmeros documentos acerca das operações militares dos EUA no Afeganistão e no Iraque, nos quais há relatos de torturas e de ataques a alvos civis. Isso para não falar em outros inúmeros documentos - principalmente troca de correspondência diplomática - que põem em cheque a ética nas relações internacionais, uma vez que informações controversas, como a que questiona a sanidade mental da presidente da Argentina Cristina Kirchner, enviada pelo departamento de Estado dos EUA à sua embaixada, foram divulgadas.
Imagem retirada do vídeo que mostra jornalistas sendo mortos por um helicóptero norte-americano, uma das mais impactantes revelações da WikiLeaks. |
A WikiLeaks e o seu fundador arrebanharam uma série de inimigos pelo mundo. Muitos alegam que a atitude do ciberativista é irresponsável, uma vez que divulga nomes que deveriam ser mantidos em sigilo, de pessoas que estão envolvidas em operações militares, o que põe em risco suas vidas. Além disso, muitos questionam os meios pelos quais essas informações chegaram até os servidores da WikiLeaks, muitas desviadas de maneira ilegal por pessoas que atuavam dentro dos órgãos que produziam ou armazenavam esses documentos.
Com tantas críticas, uma série de ações foram realizadas contra Assange e seu grupo, por exemplo, a Amazon, que era a empresa que fornecia o servidor para armazenar o site, diante do quadro polêmico, retirou seus serviços, obrigando a WikiLeaks a procurar outro lugar para hospedar seu site;outro exemplo de ação realizada contra a WikiLeaks foi o bloqueio das transferências de valores realizadas através do serviço americano conhecido como PayPal, uma vez que o site alegou que proíbe o uso de seus serviços para facilitar, encorajar ou promover qualquer tipo de atividade ilegal, e a WikiLeaks estaria operando fora da legalidade, o que justificaria sua atitude. Julian Assange ainda foi acusado de abuso sexual na Suécia e responde por isso na justiça. A WikiLeaks, nesse tempo, conseguiu uma série de opositores, mas seus defensores também estão presentes, o que pode ser visto em ações como os ataques de hackers que derrubaram os servidores de empresas de cartão de crédito que se negaram a colaborar com a WikiLeaks, ou, ainda, nas doações recebidas por Assange para pagar sua fiança e ser libertado da prisão no Reino Unido.
No entanto, essa guerra apenas começou; enquanto, de um lado, estão governos que se sentiram invadidos e, com frequência, têm que se explicar perante documentos que os colocam em situações embaraçosas, além de pessoas que questionam os motivos e os objetivos de divulgar essas informações, do outro lado, estão pessoas que lutam pela liberdade de expressão e por uma maior transparência entre as relações internacionais. É muito cedo ainda para sabermos qual será o desfecho dessa história, mas, a verdade é que a WikiLeaks veio com tudo, revelando segredos, suscitando debates, trazendo polêmicas. E você, o que acha da WikiLeaks?
Se você ainda não visitou o site da WikiLeaks, visite-o, aproveite enquanto ele ainda está no ar. Veja você mesmo como funciona esse site, que está balançando as relações internacionais.