Escrever é uma atividade que pode ser encarada como um ato de resolução de problemas. Um desses problemas consiste na escolha do interlocutor do texto, ou seja, em decidir para quem escrevemos.
Parece simples, não é? Mas, pensemos que a escrita, diferentemente da fala, não apresenta o interlocutor do texto em pessoa; trata-se de um leitor virtual. Muitas pessoas, ao escrever, esquecem-se disso, o que acaba trazendo problemas para o texto. Imaginar o leitor do texto não significa apenas imaginar para quem escrevemos, mas sim, quem é essa pessoa ou esse grupo de pessoas, quais são suas características, suas crenças, seus valores.
Todo o conteúdo do texto e sua forma de apresentação sofrerão alterações em decorrência da escolha do leitor. Por exemplo, imagine que você deve escrever um bilhete explicando à sua professora por que faltará em um dia de aula. Os termos utilizados, a forma de tratamento, a linguagem empregada, enfim, não será a mesma que você utilizaria para escrever um bilhete para sua colega, mesmo que a informação fosse a mesma. Ainda que seu objetivo seja se comunicar, sempre quando falamos ou escrevemos, pretendemos mais do que a comunicação: pretendemos convencer alguém de algo, pretendemos divertir as pessoas, pretendemos mudar a opinião das pessoas etc., ou seja, pretendemos sempre, com nossos textos, alterar algum estado anterior a ele.
Outro exemplo que podemos citar ocorreu na Rede Globo de televisão, no programa Cidade dos Homens. No primeiro episódio desse programa, intitulado A coroa do Imperador, o personagem Acerola resolveu explicar geografia para a sala. O conteúdo em questão eram as conquistas de Napoleão. O garoto tinha como objetivo não somente se comunicar com seus colegas, mas, por meio dessa aula, convencer a professora de que ele dominava a matéria e, com isso, conseguir também que ela os levasse para uma viagem de estudos.
Para ser bem sucedido, Acerola comparou toda a guerra de Napoleão por territórios com a guerra instaurada nas favelas pelo tráfico por pontos de venda de drogas. Além de estabelecer uma comparação eficiente para que os colegas o entendessem – pois era uma escola de periferia, em que os alunos viviam essa realidade –, o personagem utilizou a linguagem dos meninos do morro. Gírias e expressões advindas desse universo acabaram por chamar a atenção de todos os alunos da sala, de forma que Acerola deixou até mesmo a professora surpresa com sua desenvoltura e, claro, conseguiu a viagem.
Outros exemplos sobre esse assunto podem ser verificados em propagandas veiculadas por revistas e pela TV. Reparem como elas utilizam uma linguagem sedutora, cores e imagens fortes e envolventes. Por trás de tudo isso, há um trabalho de pesquisa para que os profissionais da área, os publicitários, saibam exatamente para quem vão “falar” e como é esse alguém. Assim, a imagem que eles passam sobre o produto não é exatamente aquilo que o produto é, mas sim, o que as pessoas querem que ele seja. Isso é tão comum que existem até órgãos próprios para queixas de propagandas enganosas, sendo um deles o PROCON.
Agora que você já sabe que deve levantar as características do seu leitor para tornar seu texto mais eficiente, que tal fazer um teste: tente convencer seus pais, através de uma carta, a deixar você ir à festa que terá no final de semana. Entretanto, lembre-se de que eles de imediato podem dizer não; então, o que você deve escrever para tentar fazer com que eles mudem de ideia? O que eles alegarão contra a festa? Não espere eles lerem a carta para falar, imagine tudo isso com antecedência e vá colocando no texto vários argumentos que inutilizem tais objeções.
Mas, atenção: pense bem em como dizer (e não só em o quê dizer), pois, se você disser que eles são chatos, caretas etc., aí é que você não vai para lugar nenhum mesmo. Então, boa sorte!
Caso você queira mais exemplos de como ser convincente, leia as histórias do Calvin, aquele personagem de histórias em quadrinhos cujas tirinhas são publicadas em diversos lugares; inclusive, já há diversos livros para colecionar. Ele é um ótimo exemplo do que falamos aqui.
Na escrita, o leitor está ausente: trata-se de um leitor virtual.
Escrever é uma atividade que pode ser encarada como um ato de resolução de problemas. Um desses problemas consiste na escolha do interlocutor do texto, ou seja, em decidir para quem escrevemos.
Parece simples, não é? Mas, pensemos que a escrita, diferentemente da fala, não apresenta o interlocutor do texto em pessoa; trata-se de um leitor virtual. Muitas pessoas, ao escrever, esquecem-se disso, o que acaba trazendo problemas para o texto. Imaginar o leitor do texto não significa apenas imaginar para quem escrevemos, mas sim, quem é essa pessoa ou esse grupo de pessoas, quais são suas características, suas crenças, seus valores.
Todo o conteúdo do texto e sua forma de apresentação sofrerão alterações em decorrência da escolha do leitor. Por exemplo, imagine que você deve escrever um bilhete explicando à sua professora por que faltará em um dia de aula. Os termos utilizados, a forma de tratamento, a linguagem empregada, enfim, não será a mesma que você utilizaria para escrever um bilhete para sua colega, mesmo que a informação fosse a mesma. Ainda que seu objetivo seja se comunicar, sempre quando falamos ou escrevemos, pretendemos mais do que a comunicação: pretendemos convencer alguém de algo, pretendemos divertir as pessoas, pretendemos mudar a opinião das pessoas etc., ou seja, pretendemos sempre, com nossos textos, alterar algum estado anterior a ele.
Outro exemplo que podemos citar ocorreu na Rede Globo de televisão, no programa Cidade dos Homens. No primeiro episódio desse programa, intitulado A coroa do Imperador, o personagem Acerola resolveu explicar geografia para a sala. O conteúdo em questão eram as conquistas de Napoleão. O garoto tinha como objetivo não somente se comunicar com seus colegas, mas, por meio dessa aula, convencer a professora de que ele dominava a matéria e, com isso, conseguir também que ela os levasse para uma viagem de estudos.
Para ser bem sucedido, Acerola comparou toda a guerra de Napoleão por territórios com a guerra instaurada nas favelas pelo tráfico por pontos de venda de drogas. Além de estabelecer uma comparação eficiente para que os colegas o entendessem – pois era uma escola de periferia, em que os alunos viviam essa realidade –, o personagem utilizou a linguagem dos meninos do morro. Gírias e expressões advindas desse universo acabaram por chamar a atenção de todos os alunos da sala, de forma que Acerola deixou até mesmo a professora surpresa com sua desenvoltura e, claro, conseguiu a viagem.
Outros exemplos sobre esse assunto podem ser verificados em propagandas veiculadas por revistas e pela TV. Reparem como elas utilizam uma linguagem sedutora, cores e imagens fortes e envolventes. Por trás de tudo isso, há um trabalho de pesquisa para que os profissionais da área, os publicitários, saibam exatamente para quem vão “falar” e como é esse alguém. Assim, a imagem que eles passam sobre o produto não é exatamente aquilo que o produto é, mas sim, o que as pessoas querem que ele seja. Isso é tão comum que existem até órgãos próprios para queixas de propagandas enganosas, sendo um deles o PROCON.
Agora que você já sabe que deve levantar as características do seu leitor para tornar seu texto mais eficiente, que tal fazer um teste: tente convencer seus pais, através de uma carta, a deixar você ir à festa que terá no final de semana. Entretanto, lembre-se de que eles de imediato podem dizer não; então, o que você deve escrever para tentar fazer com que eles mudem de ideia? O que eles alegarão contra a festa? Não espere eles lerem a carta para falar, imagine tudo isso com antecedência e vá colocando no texto vários argumentos que inutilizem tais objeções.
Mas, atenção: pense bem em como dizer (e não só em o quê dizer), pois, se você disser que eles são chatos, caretas etc., aí é que você não vai para lugar nenhum mesmo. Então, boa sorte!
Caso você queira mais exemplos de como ser convincente, leia as histórias do Calvin, aquele personagem de histórias em quadrinhos cujas tirinhas são publicadas em diversos lugares; inclusive, já há diversos livros para colecionar. Ele é um ótimo exemplo do que falamos aqui.