As células enlouquecidas
O que chamamos de câncer, na verdade, consiste num grupo de mais de cem doenças diferentes, todas elas caracterizadas por uma multiplicação anormal ou desregulada das células. Esse crescimento pode destruir os tecidos e espalhar-se para outras partes do corpo, processo conhecido como metástase.
Embora alguns vírus, como o HPV, estejam associados à ocorrência de câncer, é importante ressaltar que nenhum câncer é contagioso, fato que você compreenderá facilmente assim que estudar o mecanismo que causa essa doença. Então vamos lá.
Qualquer célula do corpo pode originar o câncer, uma vez que ele é causado por mutações no DNA. A doença pode surgir em qualquer idade, sendo influenciada por fatores hereditários, exposição a agentes mutagênicos e grau de envelhecimento celular (por isso alguns tipos de câncer são mais comuns a partir de uma certa idade). De modo geral, uma célula cancerosa sofreu várias mutações antes de se tornar efetivamente um câncer invasivo. A maioria das mutações ocorre quando a célula está se dividindo, e replica seu DNA.
Saiba que: |
Assim, essas mutações são propagadas de uma célula para as outras por meio da mitose. Por isso, certos órgãos ou tecidos, onde a mitose é mais intensa, são mais suscetíveis a sofrer e propagar tais mutações. No coração, por exemplo, onde a mitose só ocorre em situações específicas, a incidência de câncer é extremamente baixa. Já na pele, mama e cólon, entre outros, onde as células estão frequentemente se multiplicando, é bem maior a probabilidade de ocorrência e propagação das mutações. Vejamos, então, o que acontece nesses três casos:
Nos seios, onde o câncer é bastante comum, o tecido está constantemente sendo submetido à ação de hormônios, que provocam o aumento e a diminuição das mamas ao longo do ciclo menstrual;
A pele, tecido com reposição celular frequente, está exposta à radiação ultravioleta, fator que pode induzir mutações;
No cólon, onde também há intensa reposição celular, substâncias mutagênicas presentes nos alimentos podem aumentar as chances de formação do câncer.
Conheça os tratamentos mais utilizados:
Cirurgias:
Esse é o mais antigo e mais utilizado tratamento contra o câncer. No entanto, mesmo que o tumor possa ser inteiramente removido, costuma-se associar a cirurgia a outros tipos de tratamentos, geralmente quimioterapia e/ou radioterapia.
Radioterapia:
Nesse tipo de tratamento, a parte do corpo que tem o tumor é exposta à radiação eletromagnética de alta energia, geralmente raios X. A radiação afeta também as células normais, mas estas podem ser reparadas mais eficientemente do que as células malignas. Dependendo das características do tumor, esse tratamento pode ser utilizado para curá-lo, reduzí-lo, ou bloquear seu crescimento; depois, pode ser removido cirurgicamente. A radioterapia causa severos efeitos colaterais como fadiga, ressecamento da pele e náuseas.
Quimioterapia:
Há diversas substâncias químicas que podem ser utilizadas para curar o câncer, evitar seu crescimento e aliviar os sintomas. Assim como a radioterapia, essas drogas causam diversos efeitos colaterais.
Como as células malignas se dividem mais rapidamente do que a maioria das células normais, muitas das drogas usadas para combater o câncer atacam as células exatamente no momento em que elas se dividem. Só que as drogas não "escolhem" a célula que irão atacar e podem afetar qualquer uma que estiver se dividindo. É por isso que muitos doentes de câncer sofrem com a severa perda de cabelos durante o tratamento, pois as células que produzem o cabelo, que se dividem tão rapidamente quanto as cancerosas, são atacadas pelos medicamentos.
Há ainda outros tratamentos sendo utilizados na luta contra o câncer, alguns deles baseados no fortalecimento do sistema imunológico do paciente, para que o próprio corpo reconheça e elimine as células malignas. Seguindo essa mesma linha, há também os tratamentos não-convencionais, baseados na medicina oriental, fitoterapia, além de mudanças nos hábitos alimentares e utilização de extratos naturais, que ajudam a fortalecer o organismo para que ele mesmo combata o tumor. Em todo caso, vale dizer que há profissionais sérios trabalhando com as ditas "terapias alternativas", mas há também muitos charlatões.
Como com saúde não se brinca, antes de optar por qualquer tratamento, é preciso verificar qual o nível de formação do profissional que vai cuidar de você, além de procurar a opinião de diversos médicos de sua confiança.
Para finalizar, não há uma vacina ou um tratamento infalível contra o câncer. Por isso, o mais seguro é fazer o que podemos para prevenir o seu surgimento, adotando hábitos de vida saudáveis. Visitar o médico frequentemente também pode ajudar a detectar os tumores em estágio inicial, quando os tratamentos são mais eficientes.