MDL, crédito carbono e meio ambiente
Para não perder o gancho, vamos retomar a discussão sobre o MDL começada semana passada. Conforme dito, uma das formas sugeridas pelo Protocolo de Kyoto para a redução do carbono na atmosfera é atuando no campo dos “Resíduos Sólidos”, através do tratamento dos “aterros sanitários” de forma sustentável, isto é: respeitando as características culturais, inserindo a mudança no dia-a-dia, ajudando no desenvolvimento social, ambiental e financeiro do local. Mas, por que atuar ali, nos resíduos sólidos? E como, ao trabalhar com um aterro sanitário, seria possível atingir tanta coisa?
Primeiramente é importante dizer que não é só plantando árvores que se neutraliza e/ou se reduz a quantia de carbono emitida á atmosfera. Plantar árvores, reutilizar a água, conservar as florestas são atos que colaboram muito para diminuir o problema e, no mínimo, servem para ajudar a criar e aumentar a consciência, o que é um ponto essencial! Isoladas, porém, nenhuma destas ações citadas faz muita diferença – inclusive o trabalho com os aterros sanitários. Juntas, elas se tornam um referencial visível.
Bem, voltando ao caso dos resíduos sólidos. Os gases poluentes emitidos pelos aterros sanitários podem ser transformados em fontes rentáveis de energia, tornando-os capazes de alimentar cidades inteiras. As usinas, além de receberem os valores referentes a energia produzida e vendida, podem ainda leiloar os Créditos Carbonos conseguidos através dos gases captados e que não foram lançados na atmosfera, rendendo ainda mais alguns milhões de dólares a elas. No caso dos aterros em São Paulo, a empresa que os administra fez um convênio com a Prefeitura, no qual parte do recurso adquirido é revertida para o uso em outros projetos (sociais, ambientais...), pois aplicar no desenvolvimento local faz parte das exigências para se participar do programa.
Buscar um jeito diferente para fazer as coisas, que leve em consideração os interesses de todos os envolvidos, em todas as instâncias, exige uma mudança séria de postura e de atitude de todos nós. Não podemos mais olhar as questões isoladamente, tudo está cada vez mais interdependente, interligado. Qualquer atividade humana é ruim ao meio ambiente e, com isso, buscar soluções para problemas comuns, e persistir nesta “tentativa” do novo, deve ser um desafio diário. Acredito piamente que há, no mínimo, dois caminhos: um deles é esperar que a “bolha exploda” com a pressão, o outro é acreditar e ajudar a mudança acontecer.