O câncer e a radioatividade
Ficar exposto à radioatividade pode gerar câncer, correto?
De fato, altas doses de radioatividade, na forma de radiação ultravioleta (raios solares), radiação gama (proveniente de fissão nuclear), raios-x (que são para tirar fotografias ósseas e de tecidos internos no nosso corpo), e proximidade a materiais radioativos como usados em césio-137, plutônio e urânio (que são usados em pesquisa médica, nas usinas termonucleares e nas bombas atômicas) podem gerar queimaduras, náuseas, leucemia e várias formas de câncer no organismo. A radioatividade pode ser um perigo e seu efeito é sempre cumulativo: quanto mais radiação, maior sua chance de ter problemas de saúde.
Mas se a radioatividade for bem dosada, e se for direcionada a lugares bem específicos do seu corpo, ela pode trazer muitos benefícios!
Estamos falando do uso de radioatividade para atacar o câncer. O câncer é um grupo de células que sofreu uma alteração no seu material genético e que começa a se reproduzir sem controle pelo organismo. As células cancerosas não têm as mesmas funções das células de nossos vários tecidos, ou seja, elas não servem para respirar (como as células no pulmão) ou para filtrar o sangue (como as células do rim). Mas elas consomem nossas reservas de energia e atrapalham as células normais. Como elas se reproduzem muito mais rapidamente, acabam tomando conta do organismo podendo levar à morte.
Hoje em dia, existem várias técnicas para tratar os diversos tipos de câncer, desde a operação para câncer localizado (câncer que ainda não se espalhou muito) até a quimioterapia (tratamento do câncer através da administração de compostos químicos específicos que atacam as células cancerosas). De qualquer forma, o tratamento desta doença é quase sempre muito penoso para o paciente, atacando não apenas as células cancerosas mas também as normais.
A radioterapia é um destes tratamentos desenvolvidos recentemente. Ela trata de usar a radiação nuclear proveniente de certos elementos químicos instáveis. Esta radiação, em doses baixas e direcionadas diretamente para o tecido canceroso, pode ser combinada com outras técnicas de tratamento, aumentando as chances do paciente se salvar.
Existem algumas formas de tratamento radioterápico. Na radioterapia interna coloca-se um implante de material radioativo diretamente em contato com o tecido canceroso. Portanto, esta é uma técnica chamada de invasiva. A dose de radiação é concentrada em uma área pequena e o paciente deve permanecer no hospital por alguns dias. Exemplos são os tratamentos para câncer de língua e útero. Também pode ser utilizada durante uma cirurgia de extração do câncer, quando uma grande dose de radiação é concentrada sobre a região em volta do tecido a ser removido.
Outra forma de irradiar o câncer é através de partículas subatômicas, como nêutrons, píons e íons pesados. Como são partículas que carregam mais energia que os fótons (da radiação gama ou de raios-x), eles depositam mais energia ao longo do caminho que percorrem, fazendo mais estragos às células. Se o feixe destas partículas for muito bem direcionado ao tecido canceroso, esta forma de tratamento pode ser muito efetiva.
Os cientistas também procuram maneiras de aumentar o efeito que a radiação tem sobre o câncer, sem precisar aumentar a própria radiação. Duas formas principais têm sido desenvolvidas: a radiosensibilização, tornando as células do tumor mais suscetíveis a sofrerem dano da radiação (o tecido não canceroso fica protegido contra a radiação), e a hipertermia, que é o uso de calor para também tornar mais sensíveis as células-alvo.
Um outro avanço recente é o desenvolvimento de anticorpos radioativos. Algumas células tumorosas contêm antígenos que provocam a produção de anticorpos específicos. Estes anticorpos podem ser fabricados em laboratórios em grande quantidade e combinados com substâncias radioativas. Injetados no organismo, eles atacam as células doentes, causando um dano adicional devido à radiação. Este método é muito efetivo e seguro, mas depende muito do tipo de tumor, dos antígenos que podem ser fabricados e de elementos radioativos que podem ser combinados.
Assim como qualquer outro tratamento contra o câncer, a radioterapia também apresenta alguns efeitos colaterais. Os principais são a perda temporária de pelos e mudança na cor da pele próxima da região que está sendo tratada. O paciente também pode sentir bastante cansaço e náuseas e outros efeitos dependendo do órgão específico onde exista o tumor.
Cada vez mais novas técnicas estão sendo desenvolvidas para combater o câncer, que já é considerado a grande doença do século XXI.