Televisão e irresponsabilidade
Você costuma assistir televisão?
Se não tem esse hábito, certamente conhece algumas pessoas que preenchem grande parte de suas horas, de seus dias, assistindo televisão. Muita gente vive acompanhando diariamente as novelas.
Você já teve vontade de ter um carro, como o da TV?
Já mudou seu jeito de se vestir, para ficar mais parecido com alguma personalidade?
Já saiu pelas ruas cantando músicas que ouviu na TV?
Você acha que a influência da mídia é grande em nossa sociedade?
Vamos a um fato muito triste que ilustra esta questão:
Em junho de 2002, numa casa da Baixada Fluminense, dois irmãos estavam brincando numa tarde como outra qualquer: seus pais, trabalhando; a empregada deu um “pulinho” até o mercado. Eis então que um deles teve uma ideia brilhante: de comum acordo, o garoto jogou álcool no corpo do irmão e riscou um fósforo.
No dia anterior os irmãos haviam assistido, num programa de auditório de uma emissora famosa, uma atração um tanto quanto... ousada. Durante um número de ilusionismo, um mágico ateou fogo em seu próprio corpo, saindo ileso. Foi ovacionado por todos. Os adultos o aplaudiram pela bela ilusão. As crianças, fantasiosas e inocentes, acreditaram em mágica.
A criança sofreu queimaduras graves em 25% do corpo, passou por nove cirurgias e diversos procedimentos fisioterápicos e de recuperação. Na Justiça, o caso ganhou um interessante pano de fundo: qual a responsabilidade das emissoras sobre a sua programação? Segundo o artigo 221 da Constituição, que norteia a programação das emissoras de TV. "As emissoras são responsáveis pela qualidade dos programas que veiculam, respondendo por possíveis danos acarretados a telespectadores".
Considerando isso, vale a pena pensar na hipocrisia da sociedade que, muitas vezes, faz um grande alarde quando a questão é censura sexual: “Ai ai ai, olha só que pouca vergonha esse beijo!” “Que agarração!” Se a cena insinua homossexualidade então... Aí então nem se fala! Olha o tabu!! Tudo é motivo para denúncia, murmurinho, proibição das crianças e jovens defronte a TV.
Mas pergunto: e todos os outros maus exemplos? E o consumo exacerbado? E os modelos estéticos? E a superficialidade? E a falsa crítica? E a omissão? E a reprodução de um estilo de vida, de alimentação, que só nos leva à falta de saúde e ao estress.
A emissora foi penalizada a pagar uma indenização de R$ 160 mil por danos morais à família, além de uma pensão mensal vitalícia à criança, e restituição de todas as despesas no tratamento hospitalar e clínico.
Em sua defesa, a emissora alegou que houve negligência por parte dos pais da criança, "que não observaram o dever de guarda".
Como diria um amigo meu: Nunca digam - Isso é natural!