Crescimento demográfico
Entre os séculos X e XI, a Europa atravessa um período de relativa estabilidade econômica e social. Com uma produção de alimentos aquecida e sem as guerras e as invasões bárbaras que dizimavam vilas, a população europeia passa por um crescimento demográfico considerável.
Com este crescimento demográfico, a economia passa a sofrer alterações e o aumento da produção gera um excedente de mão de obra que precisa ser eliminado. Dessa forma, a primeira alternativa é a expulsão de alguns servos.
Estes servos passam a ter que praticar atividades econômicas fora das regiões agrícolas e, dessa forma, passam a se concentrar nas proximidades das pequenas feiras ou, ainda, nas poucas vilas medievais.
Outro grupo social que sofreu com o crescimento populacional foram os nobres não primogênitos. O costume era que toda a herança de um nobre era destinada ao seu primeiro filho homem. Com as poucas guerras e a estabilidade social, a possibilidade de o primeiro irmão de uma família morrer era baixa e isso tirava qualquer expectativa de herança aos outros irmãos. Este fato gera uma crise institucional na nobreza.
Com todas essas alterações sociais, os filhos não primogênitos de nobres tinham que buscar terra em outros lugares. No entanto, com o crescimento demográfico, as terras passam a ser escassas e, assim, fazia-se necessário que os nobres fossem buscar terras em outras regiões.
Essa busca por novas terras geraria a dizimação do povo que a ocupava anteriormente e, por isso, uma justificativa moral para a invasão de terras alheias. Esta justificativa veio quando, em 1095, o papa Urbano II clama a cristandade para uma guerra santa contra os muçulmanos, classificados como infiéis pelos cristãos da época. Tem origem, portanto, o movimento cruzadista. Sem terras e nem perspectivas, os nobres encampam a luta em busca de terras e outros bens dos muçulmanos, dessa vez, sem nenhum impedimento moral uma vez que, de acordo com a Igreja Católica tratava-se de uma guerra contra os “infiéis”.