A Inquisição
A Inquisição foi um conjunto de instituições, criada em meados do século XII, com o objetivo de combater as heresias e, vez por outra, restaurado com a finalidade de combater sincretismos ou o avanço de ideias que se opunham aos interesses da Igreja Católica. No século XVI, por exemplo, o Tribunal da Inquisição foi muito comum na tentativa de frear o avanço do protestantismo.
O Tribunal da Inquisição foi uma das principais instituições impostas pela Igreja Católica. Formado por padres dominicanos, o Tribunal da Inquisição era responsável por analisar e julgar casos que poderiam ser considerados heresia. No caso de o Tribunal considerar o julgado como culpado, as penas variavam em função do pecado cometido. Alguns poderiam ser perdoados se pedissem perdão e reconhecessem a autoridade da Igreja. Noutros casos, a punição poderia variar de perdas de bens até o envio do acusado à fogueira, onde queimaria até sua morte. Um famoso caso desse tipo foi o do frei dominicano Giordano Bruno que, em seus estudos teológicos, questionou a existência da Santíssima Trindade e propôs a teoria da infinitude do Universo, motivo pelo qual foi levado à fogueira. No entanto, a fogueira era apenas uma das formas de castigo corporal: outras eram queimar a planta dos pés do interrogado, colocar ferro em brasa em sua boca, estraçalhar músculos etc. O fogo era muito utilizado pela sua simbologia: ele seria um fator promotor da purificação dos pecados, além de permitir uma relação entre pecadores e inferno no plano material, sob olhos dos fiéis que, em sua maioria, assistiam atônitos à execução do herege nos rituais públicos conhecidos como “autos de fé”.
As principais vítimas da Inquisição eram os pensadores e, posteriormente, mulheres acusadas de feitiçaria. No caso das mulheres, algumas delas eram queimadas como bruxa pelo simples fato de apresentarem comportamento distinto daqueles considerados comuns para a época ou de se dedicar à leitura e aos estudos. Muitas mulheres foram presas sob a acusação de feitiçaria e, no entanto, algumas sequer tinham algum envolvimento com a prática, sendo, em sua maioria, detentoras de conhecimento acerca de tipos e usos de ervas medicinas, com as quais faziam chás medicinais – esses chás, entre membros da Igreja, eram conhecidos como “poções”, dando origem à imagem da bruxa com seu caldeirão de poções mágicas. Como forma de saber se a acusada era, de fato, uma bruxa ou não, os inquisidores comparavam o peso da mulher com uma Bíblia de grande volume. No caso de a mulher pesar menos que a Bíblia, ela era considerada uma bruxa. A alegação era de que as bruxas adquiriam uma leveza misteriosa, o que, supostamente, poderia ser identificado a partir desse processo de comparação de pesos.
No entanto, a Inquisição não restringia suas sanções somente ao plano dos castigos corporais. No século XVI, como forma de combater o protestantismo, criou-se o Index Librorum Prohibitorum (Índice dos Livros Proibidos – comumente chamado somente de "Index"). A partir da instituição do "Index", a Igreja Católica passou a regulamentar as publicações de livros em função do teor de cada um deles, ou seja, criou-se uma lista daqueles livros que eram considerados pelas autoridades católicas como perniciosos. Geralmente, os livros censurados pela Igreja Católica eram aqueles cujo conteúdo negava algum ensinamento religioso, seja por práticas tidas como pecaminosas, seja por apresentar uma explicação para algum fenômeno natural diferente daquela apresentada pela Igreja.
No caso dos livros cuja impressão fosse permitida, os bispos registravam um Imprimatur ("Imprima-se", em latim) e, nesse caso, os livros, bem como seus autores, estavam a salvo do jugo da Igreja.
Foi somente no século XVIII que as perseguições aos pagãos cessaram, mas a instituição da Inquisição era encontrada ainda no século XX. O final da Inquisição tem diversos fatores e varia em função da localização. No entanto, a ascensão do Protestantismo, a perda de fiéis da Igreja Católica e a intervenção do Estado são fatores importantes dessa equação.